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terça-feira, abril 01, 2008

"a vida secreta das palavras"

A Vida Secreta das Palavras Distinguido no Festival de Veneza 2005 com o Prémio Lina Mangiacapre, e nos Goya de 2006 com cinco galardões (Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Argumento e Melhor Direcção de Produção), "La Vida Secreta de las Palabras" é assinado pela catalã Isabel Coixet, que revisita neste drama sólido, e sem edulcorantes, a dor e os traumas de guerra. - Será possível viver com as memórias do horror, conviver com as consequências do mal? Esta é uma das perguntas que a película coloca, sem optar por respostas fáceis. A avaliar pela história, há quem consiga sobreviver e quem prefira desaparecer, como o homem que se atira às chamas na primeira parte do filme. Sarah Polley, Tim Robbins e Javier Cámara são os actores (magistrais), através dos quais somos convidados a analisar à lupa o sofrimento humano, num filme com uma atmosfera densa, rodado com mestria, com a câmara a tiracolo e um excelente uso da luz a reforçar a carga dramática. De início conhecemos Hanna (Polley), uma mulher jovem que trabalha numa fábrica têxtil. Introvertida, bastante neurótica, e excessivamente zelosa da sua intimidade, é intimada pelo patrão a tirar umas férias. Viaja até à beira-mar e, enquanto almoça num restaurante, ouve falar de um acidente que aconteceu nas proximidades, numa plataforma petrolífera, onde só trabalham homens. Quando fica a saber que precisam de uma enfermeira por um curto período de tempo, oferece-se, mal sabendo que a escolha lhe valerá um encontro imprevisto que mudará para sempre a sua vida. É assim que acaba a cuidar de Josef (Tim Robbins), um homem que sofreu uma série de queimaduras graves, e que ficou temporariamente cego, e com uma enorme mágoa. Uma estranha intimidade cresce entre os dois, alicerçada numa teia apertada de segredos, verdades, mentiras, humor e dor, e nenhum dos dois sairá incólume desta relação... Dor, solidão, obscuridade, silêncio, amor, lágrimas, esperança são tudo palavras que cabem nesta história, onde ainda há espaço para falar do súbito silêncio que se produz antes de uma tempestade; de vinte e cinco milhões de ondas; de um cozinheiro espanhol (Javier Cámara) e um ganso. E acima de tudo, sobre o poder do amor, mesmo nas mais terríveis circunstâncias. Na nota de intenções do filme, a realizadora remete a mensagem para uma frase de Lê Thi Diem Thúy, escritor vietnamita: "Deixa que a palavra seja humilde, saibam que o mundo não começou com palavras, mas sim com dois corpos abraçados, um chorando e o outro cantando".

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