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segunda-feira, junho 19, 2006

"vetiver"

Vetiver No plano formal, no que à inovação concerne, o adensar de idiomas em canção – especialmente no caso da norte-americana -, o acto de compôr e realizar parece-se tornar cada vez mais, na sua generalidade, um acto tão heróico quanto potencialmente inglório. No meio de tantas vozes que se erguem, partindo da Americana, raras são aquelas que parecem obter qualquer tipo de sucesso, após degladearem-se numa batalha quase impossível contra décadas de tradição, milhões de histórias e formas. Os poucos que ficam são aqueles que, por uma série de factores, conseguem criar um discurso próprio, uma panóplia de intricacias, poéticas, visões e sensibilidades que, de tão transparentes e inteligentes, são um para-sempre raro meio de contar a vida como ela aconteceu e acontece, previsões e ensejos para tempos futuros. Andy Cabic, quando passarem uns meses depois do lançamento do seu novo álbum «To Find Me Gone», sob o nome Vetiver, é bem possível que dê por si inscrito já na história como um dos grandes compositores de canções norte-americanos dos últimos anos. O seu primeiro álbum, homónimo, era um maravilhoso conjunto de orquestrações, espontaneidades (da folia à melancolia) e cunho particular, criado com o rodeio de gentes como Devendra Banhart, Hope Sandoval ou Joanna Newsom. «To Find Me Gone» alastra o espectro de amigos numa linha costa a costa. Para lá de Banhart, o núcleo duro da sua banda constituído por Otto Hauser (Espers), Kevin Barker (Currituck Co.) e Alissa Anderson mantém-se, ladeado por mais dezena e meia de família e colaboradores. Pensem em Neil Young, The Band, Creedence Clearwater Revival, Quicksilver Messenger Service ou Fleetwood Mac, num álbum que oferece uma dimensão de grupo que tanto sabe cair num beat de boogie perfeito, como arrastar dolências até a um sítio onde o pôr do sol estival nunca acaba. «To Find Me Gone» é, já em muitos escritórios de editoras, distribuidoras, serviços de mailorder e quem mais já o tenha apanhado, o disco oficial de finais de tarde de Verão. Manda grão, poeira, sol, corações descontraídos e deixa toda a gente acordada com uns arranques roqueiros imaculados enviados na nossa direcção sempre na altura certa. Uma voz criativa que está tão aculturada no universo da canção que só poderia fazer uma que saísse tão naturalmente de si, como nasce sua. Assim que apanharem aquelas cordas vocais a ranger pelo meio de fios de guitarra eléctrica, arranjos para de cordas a descomprimir e percussões leves a funcionar, depressa vão perceber que é meio criminoso passar ao lado deste concerto. Tratem lá disso. + info: http://www.vetiverse.com/ + myspace: http://myspace.com/vetiver

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